"Comigo, ninguém tem paciência!”.
Escrevo
mais como passatempo do que para ser lido pelo mundo brasileiro
afora. Quem ainda lê
hoje em dia? Alem das citações, das reclamações, das
bobeiras postadas no facebook, ninguém lê coisa alguma nestes dias
de revoluções e apostasias. Imagino que alguns cristãos leem a
Bíblia, ainda, antes da oração matinal, antes do começo do dia,
antes do trem, do metrô,
da caminhada, da bicicleta...antes que a vida comece. Todavia certas
tradições são importantes, por isso esta cronica se fez
necessária, para os amigos, pelo menos.
Ano
pobre em cronica, porem rico em águas. Muitas águas rolaram na vida
aqui na região basca francesa, literalmente. A primavera chegou e se
foi e a cronica não veio. Faltou criatividade durante os longos
meses de dilúvios e enxurradas sem fim. Nos altos Pirineus, casas
foram arrastadas para dentro dos rios, o santuário de Lurdes ficou
de baixo d'água e os turistas voltaram para onde vieram, pois o
astro rei nos abandonou este ano e a praia ficou da cor de rio sujo e
foi interditada. A primavera foi invernal e o verão está
mais com cara de outono do que de estação
propicia à praia. Nas
montanhas, a neve continua cobrindo os altos picos, mesmo em pleno
verão. Coisa rara em final de mês de junho, nestas latitudes
franco-espanholas. São os finais dos tempos!
Depois
do inverno, uma viagem ao Brasil, marcou uma parte importante da
vida. Pude compartilhar, fazer e dirigir teatro, comer churrasco e
tomar chimarrão, rir, chorar... Rever a família depois da perda de
minha querida mãe, foi muito importante, mas o silencio ao entrar na
casa onde ela morou e eu cresci, foi horrível e indescritível.
Mesmo em cronicas a gente não consegue escrever a dor do vazio, da
falta que uma pessoa tão
querida como uma mãe faz em nossa vida.
A
viagem foi: seis aviões, as igrejas, as palestras; o corre-corre no
sul, em Brasília, Goiânia, as pamonhas, BH, os restaurantes
mineiros, Juiz de Fora com amigos que conheci em Bethune, Cabo Frio e
a festa para comemorar os 50 anos. O bolo foi feito no Rio e tinha a
cara do Chaves, literalmente. Não podia ser outro bolo e tinha que
ter sido feito no Rio. Isso, isso, isso, pois para um pastor que
canta musica barroca (com voz de castrado), faz teatro e mora no sul
da França, somente um
bolo com a cara do Chaves poderia servir para uma comemoração tão
importante. 'Comigo, ninguém tem paciência!'
Antes
do aeroporto, uma parada no aniversario da Volantes em Serô
onde estudei na década de 80. Isso somente entenderá
quem foi volantes, os outros vão passar para o próximo paragrafo,
ou parar por aqui. Cronica chata!
Assim
que voltei para a França,
fiz um batismo numa praia em Biarritz, me mudei para outro bairro de
Bayonne, participei de conferencias pastorais regional e nacional,
fiz um enterro de uma senhora de 100 anos e falei num encontro da
ABU sudoeste. Neste encontro da
Aliança bíblica universitária, nas minhas palestras, tive
tradutora. Não porque tenha falado em português. Nada disso, falei
em francês mesmo, todavia tudo foi traduzido para o chines. Que
outra língua esperavam que fosse? Mesmo nos confins do sudoeste da
França,
grande parte dos participantes nos congressos para estudantes
cristãos, é
composta de jovens do gigante asiático. A igreja chinesa está
enviando missionários para evangelizar estudantes chineses nas
universidades do Hexágono. Interessante!
Voltando
do Brasil pensei na realidade dos anos que passam, pois como todo
mundo, estou ficando mais maduro, com mais cabelos brancos. Tudo isso
longe do chão que me viu nascer, longe do lugar de minha infância,
longe do aconchego da pátria amada. Porem, cada vez que assim penso,
chego sempre à
mesma conclusão que, mesmo em tempos de grandes indagações e
crises, o melhor lugar do mundo é
onde Deus me colocou. Nem as mangas do Brasil, nem os amigos que amo
tanto, nem a oportunidade de direcionar teatro para 50 pessoas, nem
as praias maravilhosas do Cabo Frio, nem mesmo o pequi de Goiânia,
pode trazer mais alegria ao meu coração do que a certeza de estar
no lugar onde Deus me plantou.
Alguns
afirmariam: se morasse no sul da França
diria o mesmo. Verdade, ajuda, viver num lugar tão
lindo, todavia não me esqueço daquela historia das cinzas no
paraíso. Nem tudo aqui são flores e mesmo o violento e maravilhoso
golfo de Gasconha, a gastronomia famosa, as lindas montanhas, nada
poderia fazer com que permanecêssemos aqui, somente a graça divina
o faz. Nossas mãos estão num arado que ara num mundo invisível.
Nosso trabalho está
mais para campo de batalha do que para pique-nique à
beira mar, pois labutamos não apenas na terra que pisam nossos pés,
mas numa realidade que somente é
visível aos olhos do espirito. Ainda bem que nos lugares celestiais,
Deus tem paciência comigo.
Li tudo. Deus continue te abençoando para fazer a obra dele seja no Brasil ou exterior.
ResponderExcluirhttp://www.elaecrista.blogspot.com.br/
Merci beaucoup Edmara.
ResponderExcluirExcelente, Júnior, se você permitir gostaria de compartilhar na minha Revista Servir depois envio pra você. Citando a fonte. Desde já sou grato.
ResponderExcluirExcelente, Júnior, se você permitir gostaria de compartilhar na minha Revista Servir depois envio pra você. Citando a fonte. Desde já sou grato.
ResponderExcluir